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7 de out. de 2012

Dia de comemoração!

Hoje é dia de muitos comemorarem. Não apenas os que sairão vitoriosos das urnas, mas também aqueles que ansiavam pelo término da campanha eleitoral. Para mim, existem dois lados: gostaria que terminasse a rivalidade política que beira, por vezes, a irracionalidade; porém, gostaria que continuasse o interesse por questões políticas importantes. Essa foi a primeira vez que participei ativamente de debates e que escrevi aqui no blog sobre campanha política. Foi a primeira vez que expus publicamente alguns dos meus pensamentos a respeito.
Admito que nos últimos 4 anos, não acompanhei tão próxima as reviravoltas políticas de SMI. Depois que meus pais mudaram para Cascavel, em 2008, e com a morte do meu pai no mesmo ano, passei a visitar menos SMI e destinar minhas viagens na maioria das vezes apenas até Cascavel. Claro que isso não impediu que eu soubesse o que se passava na cidade. Preservo bons amigos por lá, minha mãe e minha irmã vão trabalhar toda semana em SMI, leio jornais e tenho de ir ao município volta-e-meia, afinal uma boa parcela da minha herança ainda está por lá.
Quando me preocupo e participo perguntando e debatendo a política em SMI não é apenas por ter patrimônio ou ser eleitora do município. Lá vivem pessoas que gosto muito e sei o quanto a cidade pode crescer, avançar e ser um lugar ainda melhor para se viver.
Essa campanha foi particular também por outro ponto de vista, mais pessoal, familiar e muito menos público. Pela primeira vez acompanho uma eleição municipal sem a companhia de meu pai. Ao olhar essa situação, tirando toda a carga emocional e saudade de filha, vejo que isso também tem dois lados: 1, perdi o meu melhor companheiro de debates. Por horas e horas, concordando ou discordando, sobrepunhamos nossas opiniões, dados e versões que me garantiram um tremendo aprendizado. Não havia censura nem para assuntos e muito menos para posicionamentos. Debater com meu pai, concordando ou não com suas posições, me forçava a estudar e construir argumentos. Por esse turno, sinto que nessa eleição estava prejudicada - como foi a última presidencial -, sem a companhia do meu grande companheiro de debates que sempre me ensinou e respeitou minhas opiniões.
Por outro lado, 2, a ausência de meu pai na minha caminhada eleitoral trouxe novos elementos. Pela primeira vez eu me permiti uma exposição maior. Nunca meu pai foi contra essa exposição, pelo menos não passou essa ideia para mim. Mas, na falta dos calorosos debates que tinha com ele, busquei de outras maneiras.
Meu pai foi um grande incentivador tanto para que eu buscasse conhecimento quanto para que eu escrevesse. Recebi dele um presente que tenho guardado com muita estima: uma caneta. Ela é pesada,  representa o peso da responsabilidade da escrita. Ganhei o presente quando entrei na faculdade de Direito. Serviria para eu assinar minha primeira peça quando advogada ou qualquer outro rumo que tomasse - juíza, promotora, etc. Ainda na presença física de meu pai, tomei outro caminho - fui cursar Comunicação Social - e prometi que a primeira matéria que escrevesse seria impressa e assinada com o presente para conhecer e reconhecer o peso da caneta.
Várias vezes já tinha me comparado, dito que tinha "saído", "puxado" ao meu pai. Porém, nesse período eleitoral recebi com mais incidência comparações com o meu pai. Por vezes com "tom" positivo, outras negativo. De todas, somo e tiro o saldo: não sou meu pai. Tenho imenso orgulho de ser filha dele, mas não sou ele. Nem em suas qualidades, nem em seus defeitos. 
Aprendi muito com meu pai. Aprendi a ver, até quando não é evidente, claro e provado, que nem sempre as coisas não são como contam. Lembro bem de uma história: os medicamentos vencidos. Perderam a validade. A doação recebida pela Prefeitura não poderiam mais ser utilizados em favor da população? Claro que não. Os medicamentos que poderiam ajudar muitas pessoas perderam a validade.
O que aprendi com o meu pai não foi apenas que isso é mesquinharia de pior nível. Aprendi que devo perguntar: por que deixaram os medicamentos vencerem? Por que esconder esse fato? Não, não quero nem comentar o argumento absurdo de que procurar e desenterrar aquele descaso com a população seria um ato contra a saúde pública. Quem está preocupado com saúde pública? Aqueles que preferiram deixar os medicamentos perder a validade do que entregar para a população? A demora, o tempo que perderam até que os medicamentos vencessem, tem alguma coisa a ver com períodos eleitorais?
Foi isso que aprendi com meu pai. Aprendi a perguntar, a pensar e a refletir. Meu pai nunca taxou para mim quem estava certo ou quem estava errado. O que ele ensinou foi que precisamos pensar e que ser cidadão é um exercício contínuo de pensar.
Eu pensei bastante e ainda tenho muito o que pensar. Já pensava em outras campanhas, embora não tivesse tornado público o conteúdo dos pensamentos. Pretendo continuar pensando. E espero que, depois de tantos anos, a população venha a pensar, refletir e acompanhar a política durante todos os anos e não apenas no período - tão exaltado! - eleitoral.
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