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13 de out. de 2012

Quem matou?

Essa semana assisti um capítulo da novela Avenida Brasil. Já sabia a maioria do quem era quem porque  assisto a novela quando vou para a casa da minha mãe e pergunto o tempo todo. Vi alguns comentários que essa novela é muito boa, que é diferente, que é isso, que é aquilo. Eu não gosto de novelas, não acompanhei e, assim, não sei dizer se é boa ou é ruim.
Eu não gosto porque acho tudo muito demorado para acontecer. Mesmo nas tramas sem tanta violência, sem um enredo policial, as novelas são previsíveis demais. As mocinhas são muito tontas, tomam todas as decisões erradas, acreditam nas pessoas erradas. Os mocinhos se enganam facilmente e só no final é que são felizes para sempre: em uma festa de casamento com todo o elenco da novela - incluindo um sem número de personagens grávidas. Em Avenida Brasil, os pombinhos ficaram juntos antes. Eu nem acompanho a novela, mas tenho certeza que a Nina poderia ter desmascarado a Carminha há meses. Aí ficam enrolando tudo por meses e mais meses para chegar no final e... lançar a pergunta "quem matou?".
Eu assisti o capítulo de segunda-feira e ontem entrei no site da Globo e vi "quem matou Max?". Não faço ideia de quem tenha matado, porém esse não é o mistério mais batido de todos os sempre finais de novelas desse estilo? Não há o que mudar, o que renovar?
Muita gente diz que a novela já é parte da cultura brasileira. Se pensar bem que outro produto cultural o brasileiro recebe de graça e sem sair de casa? Programas como Casos de Família? Não desmereço a novela como produto cultural, mas pergunto: será que o povo só gosta de produtos culturais idênticos? 
Penso que a criatividade dos autores não deve ser tão tímida, mas a novela é uma obra aberta e os seus rumos dependem de números de audiência. Assim, é a audiência que deseja mais um final "quem matou"? 
Tem dois autores - dos poucos que sei o nome de alguma novela - que não usam esse estilo policial, mas suas novelas são sempre iguais: Manoel Carlos e Glória Peres. O Manoel Carlos não repete apenas o nome Helena e o bairro Leblon, mas todo o espírito da novela: casal protagonista de meia idade, muita gente rica, muita festa elegante, ao menos uma adolescente problemática e dramas familiares. Vou usar de exemplo as novelas que lembro o nome. Não foi assim em História de Amor? Em Páginas da Vida? Em Mulheres Apaixonadas?
A Glória Peres usa outra cultura - geralmente um país - para colocar como pedra no caminho do casal protagonista que é geralmente entre 20-30 anos, dá mais espaço aos núcleos populares com menos glamour, ostentação e debate algum tema difícil para a sociedade - crianças desaparecidas, drogas, problemas mentais, etc. Não foi assim em Explode Coração? Em O Clone? Em Caminho das Índias?
Não julgo se é bom ou não, apenas acho que é sempre igual. As mudanças são pequenas, o formato é engessado. Em uma novela apresenta a questão do idoso para debate público, em outra a gravidez na adolescência. Acho interessante que através das novelas se possa colocar esses temas em debate, vejo isso como um grande proveito. Entretanto, o povo não cansa de ver tudo sempre igual?
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