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17 de mai. de 2015

Eu (ainda) me impressiono

Ontem à noite discutíamos que a realidade nacional anda tão escabrosa que se fossemos nos impressionar com cada notícia absurda que sai no jornal, viveríamos impressionados.

Penso que isso é meio geral. Porém, tenho dificuldade nesse sentido: por mais que tenha consciência de que não devo me impressionar ou abalar, ainda sinto.
Essa semana um animal atropelou um cachorro. Não parou para socorrer, não entendeu a responsabilidade que tinha frente ao ocorrido. Foi um acidente, eu vi. Era um cachorro, eu vi. Nenhuma das duas assertivas diminui a responsabilidade do motorista. 

Tudo que aconteceu depois foi uma sequência de absurdos, irresponsabilidade, falta de noção. É de se esperar que num país da patifaria - como o Leandro chama o Brasil - que ainda predomine o pensamento irresponsável e egoísta. Eu tenho consciência disso, mas ainda me abala. Não apenas a morte do cachorro, que, por intervenção de um rapaz e minha, teve atendimento e um fim de vida um pouco mais digno. Senti também pela atitude do motorista. Ainda me questiono como alguém pode ser tão irresponsável e egoísta.
Hoje assisti um vídeo de uma cadelinha que foi abandonada em Curitiba. O seu desespero me aflige, mas a atitude desumana daquele animal que lhe abandonou também me abala.
E cadê a parte do "se você se impressionar com cada fato absurdo vai viver impressionada"? A teoria é mais fácil que a prática.
Acho que a minha dificuldade em praticar essa ideia é porque, ato falho, ainda acredito muito nas pessoas. E não sei se quero abandonar essa crença. Eu ainda espero o melhor, ainda credito confiança, ainda tenho a certeza de que as pessoas são honestas, que são corretas, que são justas. Até que me impressiono, sinto, me abalo, me decepciono. 
Devo ter decepcionado muita gente já. Mas que as decepções sejam por visões diferentes do que é certo e não por agir deliberadamente mal. É claro que as visões de mundo são diversas entre as pessoas, mas sacanear o outro não me parece algo passível de "visão de mundo". É falta de vergonha mesmo. Ser irresponsável e não tentar reparar o erro mesmo que acidental também não é passível de interpretação, é criminoso. Agir de má fé, com intenção clara de tomar lucro daquele que ainda acredita na correção das pessoas, é falta de caráter.
Hoje, em plena tarde de domingo, ocupo meus pensamentos revisitando a minha semana: a minha crença nas pessoas me abala mais do que deveria. Mas passa. Passa? Talvez. Acho que todas as experiências são válidas, que seja para aprender o que não fazer, que seja para conhecer, que seja para mudar a visão ou atitude frente às situações. Também é importante perceber que quanto mais próximas são as pessoas, mais credito confiança, mais baixo a guarda e maior é a decepção.
Ainda pretendo continuar acreditando nas pessoas. Mas é sempre bom atualizar o caderninho de quem, definitivamente, não é merecedor. 
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