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2 de mar. de 2013

A escuridão e a política

Nunca trabalhei com política, em qualquer instância, posição ou lugar. Tenho um gosto peculiar em acompanhar, mas trabalhar mesmo, engajada, com salário ou sem salário, nunca. Tenho minhas opiniões que me colocam na situação ou oposição, mas nada que me posicione no jogo político. A minha posição é de cidadã. E cidadãos pouco têm a ver com o jogo político. O jogo, a brincadeira, está nos palacetes. E o povo, os cidadãos, estão longe. Em SMI a ruína política é tanta que até mesmo o "palacete" municipal está sobre escoras.
Claro e óbvio que em uma cidade pequena a família é uma unidade tão representativa que engloba até mesmo posicionamentos políticos. Até 2012, nunca havia tornado pública minha opinião política. No entanto, o meu posicionamento só "poderia" ter duas opções: ou era uma alienada que não sabia (ou não me interessava) por nada disso ou era herdeira do Paludo até em seus posicionamentos.
Tenho minhas concordâncias com os posicionamentos que meu pai defendia. Também tenho minhas discordâncias que por horas e horas discuti com ele. Mas um assunto em que concordávamos absolutamente: perseguição política é um mal que deve ser combatido. Tema que remonta a história política brasileira, a perseguição deveria ter se findado com a Constituição Federal de 1988. Porém, sabemos que essa não é a realidade.
A liberdade de opinião, de posicionamento, é um direito. Mas ao exercer esse direito é preciso ficar atento às consequências. Tudo que foi possível meus pais fizeram para que eu e a Eve não fossemos atingidas por essas consequências. Mas... primeiro: mesmo que não fossemos o alvo, ao perceber as consequências em nossos pais, seríamos atingidas, claro. Segundo: ali em cima escrevi sobre como a família é uma unidade em uma cidade pequena. Em SMI sempre foi assim, tanto para o bem quanto para o mal.
Quando eu penso em perseguição, penso em tentativas de atingir todos os aspectos da vida de uma pessoa: moral, familiar, financeiro, etc. Óbvio que não se atingem todos os níveis de uma única vez. Mas a perseguição, para mim, não é algo com que se possa lidar com facilidade como trocar uma lâmpada. E, na maioria das vezes, não é algo tão visível para simplesmente denunciar. Penso que é frequente - mas não única - a perseguição de servidores públicos. Lembro nitidamente de um caso que acompanhei. Quando se consegue comprovar, ótimo. O problema é quando as ações são mascaradas.
E o que estou pensando? Que qualquer coisa virou perseguição. Não estou dizendo que perseguição política não existe mais. Não acredito nisso. O que estou pensando é que não se pode acusar perseguição política só para ter atendimento. O poder público deve atender a população igualmente. Isso ocorre? Acho difícil. Mas a demora ou a falta de atendimento é obrigatoriamente perseguição? Isso não seria banalizar um tema tão difícil, tão complexo? Será que apenas uma pessoa não teve o pedido atendido? Será mesmo que esse pedido não foi atendido por posição política? 
Hoje comentei em uma postagem no grupo de SMI no Facebook. Se a perseguição política em SMI é uma rua escura, as coisas estão melhores por lá. Penso que a rua escura é perigosa e que a prefeitura deve atender o pedido de um munícipe. Mas apenas as ruas em que opositores residem estão escuras? E nessas ruas só existem opositores?
Quando o assunto é secretário ameaçando servidor, aí, sim, podemos falar sobre perseguição política. Mas quem já assistiu uma perseguição insistente - que durou anos e mais anos - fica impressionada que agora a ação é não trocar uma lâmpada. 
Se pudesse voltar no tempo, pediria para trocar todas as "consequências" que percebi por uma lâmpada queimada.
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