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9 de mar. de 2009

preconceito infantil

Grande coincidência!
Estava pesquisando sobre o preconceito infantil, ficando assustada com o tamanho do problema e... olho para a tv e o Jornal Hoje fez uma matéria sobre Bullyng.
Assustador, não é?
Quanto mais leio sobre o tema, mais fico preocupada.
Li um texto que relatou o preconceito que a mãe tinha da amiga de sua filha. A mãe é pedagoga e não fica muito contente com a relação de sua filha com uma menina negra. Socorro! Ela é pedagoga. Trabalha diretamente com isso!
E o preconceito não pára no racismo. Qualquer diferença é motivo. Todos temos diferenças, imagina só o resultado...
No mesmo texto que fiz referência ali em cima, li sobre uma menina (já com 10 anos) que xinga a babá que trabalha na sua casa desde que ela nasceu. Chama a moça até de burra quando fala errado. E a mãe? Diz que prefere que a filha corrija do que ter que corrigir a moça. Onde esse mundo vai parar?

Parei para pensar na minha infância. Não fui perfeita, ninguém é. Mas nunca imaginei falar qualquer palavra que pudesse ofender ou magoar a Dê. Tenho um carinho enorme por ela e um respeito ainda maior. Ela já trabalhava lá em casa antes de eu nascer, cuidou de mim, ajudou na minha educação e foi sensacional. E ai de mim se não a tratasse com respeito! Não só ela, mas todo mundo merecesse respeito! E eu estava bem enrascada se não lembrasse disso todo dia...
Lembrei também de um caso que aconteceu na minha escola. Eu estudava com a mesma turma desde sempre. A maioria dos alunos era de classe média alta, os pais eram amigos entre si. Acho que foi na primeira ou na segunda série do ensino fundamental que entrou um menino negro na minha turma. Até então não havia nenhum negro em toda a escola. Logo surgiram os apelidos: Chocolate, Cirilo (lembra do Cirilo? Da novela Carrossel?), entre muitos outros. Ninguém falava com ele, só gritavam os apelidos sobre a cor. Ninguém brincava com ele e muito menos lanchava por perto.
Não fui nenhuma heroína, mas sentei para lanchar com ele e passamos a brincar juntos. Isso era uma escolha, se eu fosse sentar com ele, ficava longe de todos os outros amigos. Mas mesmo assim sentei. Ele era normal (ponto) Nada de tão diferente assim. Ele estudou por alguns meses lá e continuei sendo a única aluna a falar com ele e os apelidos persistiram até ele sair da escola.
Lembro de relatar aos meus pais o problema do menino e eles ficarem horrorizados com o preconceito. Isso era, e ainda é, inadmissível na minha casa. Onde estavam os pais dos outros alunos? Principalmente daqueles que xingavam o menino sem ele ter feito nada? Essa escola era pequena, tinha uma turma por série com no máximo 25 alunos. Era pequena justamente para que todos pudessem ser acompanhados de perto. A escola era fantástica. Mas o preconceito foi maior do que a qualidade do ensino que recebíamos. A passagem desse menino marcou as minhas lembranças...
Sobre a babá, a Dê tá lá, até o ano passado trabalhava com a minha mãe ainda. Tenho um carinho enorme por ela e a minha gratidão por tudo que ela fez. Era o trabalho dela cuidar de mim, mas o carinho que recebi foi um extra! E um baita extra!
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