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20 de out. de 2012

Sociedade dos anônimos virtuais no mundo real: onde fica?

O último mês foi uma correria. Essa semana ficou ainda pior, sem tempo para nada, incluindo Facebook e blog. Mas, dei uma "passadinha" pelo Facebook e vi um assunto que me fez pensar: o anonimato.
Uma das proeminentes características do relacionamento virtual é a mediação pelas tecnologias, o que garante a muitos a liberdade de escrever o que não teriam coragem de dizer no téte-a-téte. Outro ponto é a facilidade de ser um anônimo. Será que através do anonimato poderíamos liberar nossos "filtros"? Expressar o que pensamos sem qualquer receio de como isso poderia afetar nossas vidas? Mas também pode-se usar o anonimato para desferir acusações, ofensas e causar tumultos sem qualquer fundamento ou boa intenção.
Intenção. Boa ou má, depende de quem interpreta. De qualquer modo, se não fosse possível o anonimato, se quando publicássemos qualquer coisa fosse obrigatoriamente assinado com nome completo, número do RG e CPF, será que existiriam tantas "verdades"?
Eu optei por sempre me identificar: sou Monique Hellen Paludo, filha de Rose e Ivo Paludo, irmã de Evelyne Paludo. Nasci em São Miguel do Iguaçu, morei em Cascavel e hoje moro em Guarapuava. Isso não expressa tudo que sou, mas me identifica. Tenho imenso orgulho, como já expressei diversas vezes, de ostentar o sobrenome Paludo. Todavia, também várias vezes esclareci: sou Monique, não sou Ivo, nem Rose, nem Evelyne. Tenho vida e opiniões próprias. 
Não ser mais um anônimo é uma opção minha. Eu me identifico e pronto. Escolho essa opção porque admito o que escrevo. Há anos, logo que comecei o blog, escrevi sobre a necessidade dos "filtros". Argumentei que para vivermos em sociedade não podemos expressar tudo que pensamos - ou continuamos amigos de alguém capaz de dizer tudo o que vive, pensa ou sente sobre nós e os outros? Eu não escrevo aqui tudo que penso. Mas o que escrevo, não nego, não escondo a autoria: é o que penso. É desnecessário escrever que não gosto do fulano e tão pouco que não confio no sicrano. Eu e eles sabemos, isso basta. Quando manifesto minha opinião tenho coragem de admitir que é minha opinião. Podem não concordar, podem argumentar contrário, mas quando torno público o meu manifesto devo - no mínimo - admitir a autoria. 
Se não é possível a vida em sociedade se expressarmos tudo que pensamos, tem validade a expressão de alguém que não faz parte da sociedade? Em que sociedade real vivem os anônimos da sociedade virtual? Algum dia você já sentou em uma roda de mate dos anônimos? Já conheceu alguém que não tem nome e sobrenome? Já confiou a chave da sua casa para alguém que você não sabe onde mora, como se chama, de onde veio? Já pensou em contratar uma babá para os seus filhos sem qualquer referência? Ou procurou um médico sem CRM? 
E como poderíamos confiar nossas opiniões, formando-as a partir da opinião, dados ou informações de alguém que não sabemos quem é? Ter nome e sobrenome, fazer um fake, é identificação suficiente? Basta saber que se chama "João das Couves"? Fake não é também um anônimo? 
Não aceitamos na sociedade algumas verdades ou inverdades. Também excluímos e conferimos represálias para aqueles que ousam expor tudo o que pensam. Mas aceitamos a convivência virtual com "pessoas" que se transpostas para a vida real não conviveríamos e não aceitaríamos? Há quem confie em "seres" do mundo virtual sem os elementos que forjam sua confiança nas pessoas do mundo real? 
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