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17 de set. de 2012

Histórias e/ou documentos. Afinal, o que eu publico aqui?

Esse não é um blog de jornalismo e tão pouco de denúncia. Eu aproveito esse espaço para escrever sobre o que estou pensando. Escrevo aqui, no Facebook e falarei para qualquer um que perguntar o que estou pensando sobre a eleição. Eu não tenho nenhum vínculo com partido, coligação, candidato e nada do tipo. Mostro apenas minha face de eleitora, aquilo que sou e nada mais. O voto é secreto. Porém, estou escrevendo o que penso nesse caminho até chegar à decisão. Essa é uma opção e só. 
Todavia, nem todos querem se expor assim. Eu entendo os motivos. Embora o blog não seja um espaço de jornalismo e tão pouco de denúncia, tenho recebido e-mails e mensagens de pessoas que querem contar alguma coisa, mas acham que não devem ou não querem aparecer.
Se engana quem pensa que todas essas mensagens são de pessoas que conheço ou de pessoas que fazem parte de alguma coligação. Não foram só duas ou três pessoas que me mandaram histórias e deixaram claro que não têm nada a ver com a disputa eleitoral. Do mesmo modo que existem muitas pessoas que sei que estão envolvidas com as coligações. Ocorreram também, várias vezes, de enviarem histórias e pedirem que eu não publique. Tem o trecho de um e-mail que explica esse posicionamento de algumas pessoas:
"to contando o que vivi, acompanhei de perto, trabalhei ali, sei como funciona. To contando só pra você mesmo, pra você saber. Mas não publica nada do que contei, tá? Tem gente boa, honesta que vai acabar envolvida nisso e eu não quero" (sic)
Desse trecho tiro três coisas:
1) se fosse boa e honesta estaria mesmo envolvida em corrupção? Eu não sou ninguém para julgar, por isso deveria ser denunciado para que o Poder Judiciário decida. 
2) respeito o pedido das pessoas de não se identificar e, inclusive, nunca divulguei o nome de ninguém que me mandou qualquer informação. E não divulgarei. Os nomes que são citados aqui no blog são aqueles que estão em algum documento público ou de alguém que publicou alguma coisa em seu próprio nome (por exemplo, publicou no Facebook). Fora, claro, os textos de cunho pessoal onde cito com frequência o nome de amigos e familiares. Além do nome do promotor de SMI quando escrevi sobre a conversa que tive com ele semana passada.
3) eu teria o dever de, como cidadã, ao saber de uma irregularidade denunciar, certo? Por um lado, certo, por outro, não é bem assim. A maioria das coisas que recebo é mais ou menos assim "acontece tal coisa errada", "o fulano fez tal coisa", "o beltrano deixou de fazer tal coisa". É interessante saber disso? É. Mas isso são histórias. Para eu publicar alguma coisa preciso de fundamento, de documento que comprove. Não saio publicando tudo que leio e ouço. Acho que se alguém tem alguma denúncia para fazer, pode procurar o Ministério Público. Eu, aqui, só posso publicar e nada mais. Não tenho poder de investigar se aquilo ocorreu e de juntar provas. Como cidadã, até poderia fazer mais do que publicar textos, mas não faço.
Fico feliz em perceber a confiança que as pessoas têm depositado em mim. Ao enviar uma informação e pedir para que eu não publique, precisa confiar que eu não vou publicar, né? Tenho por hábito responder todos os e-mails e mensagens que recebo. Respondo sobre o assunto e sobre o posicionamento da pessoa. Por exemplo, se alguém pede para não publicar, já aviso que não vou publicar. Se alguém pede para não ser identificado, já aviso que não vou identificar.
No entanto, nem todo mundo entende quando eu respondo que não posso publicar aquela informação. Por isso, resolvi escrever esse texto. Como qualquer pessoa que ler os textos do blog pode perceber, eu não publico denúncias ou histórias à torto e à direito. Acho muitas histórias interessantes, mas veja a minha posição. Se eu recebo uma super história, mas não tem nenhum documento que comprove aquilo. Como eu poderei publicar? Quando publiquei sobre o título de eleitor foi porque a situação da conversa foi pública. Eu não acusei ninguém de fazer nada. Apenas relatei a história que já estava pública no Facebook. Só afirmei que a Secretaria de Saúde agia assim depois que confirmaram. 
Eu poderia fazer isso com todas as histórias que recebo? Pouco provável. Muitas histórias são de bastidores, onde não há documentos que as comprove. E aí? Como poderia afirmar ou mesmo lançar a suspeita de que houve tal fato? Como poderia fazer isso de uma maneira ética (na minha ética mesmo, sem conotação profissional)? Como poderia garantir que aquilo é verdade ou não? Por isso, optei desde o início só publicar qualquer informação que tivesse algum documento para comprovar.
Geralmente eu uso esse espaço apenas para escrever o que estou pensando. Quando esmiuço algum documento, uma decisão judicial ou um relatório é porque estou pensando nele e acho que são textos longos e difíceis para ler. Publiquei no Facebook o link? Sim. Várias pessoas leram? Sim, inclusive o acesso aos textos foi muito superior ao que imaginava. E qual é a minha intenção? Que as pessoas saibam e só. Por isso, quando vou escrever sobre o que se trata um documento, deixo claro que todas as informações ali são retiradas do próprio documento, coloco link para que qualquer pessoa possa ir lá e ler. Acho que a partir do momento que se sabe o que está acontecendo é que se torna possível formular uma opinião. O meu objetivo não é que todos pensem como eu. Inclusive, não coloquei o que eu penso a respeito do relatório do TCE-PR, por exemplo. Eu coloquei o que está no relatório. E mesmo quando é um texto opinativo, qualquer pessoa pode ler e discordar de tudo que escrevo. Não quero e nem pretendo influenciar ninguém. Nem tenho tamanho poder. Mas também não publicarei sem fundamentos.
E por que estou pensando nisso tudo? Hoje, depois de publicar esse texto aqui, recebi mais uma "chuva" de informações. No entanto, informações que podem até servir para mim, mas não são "publicáveis". Respondi, como sempre, um a um.
Para a minha surpresa, semana passada, enviaram documento que eu não tenho acesso pela internet. Tem que ir até lá no prédio da Câmara de Vereadores e pedir. Recebi o documento e agora vou começar a pensar sobre ele. Já havia recebido outros documentos, que inclusive estão publicados aqui no blog. Esse caso é particular porque não está na internet e foi uma "operação" diferente. Apesar de confiar nas fontes de informação - inclusive em muitas que acabei por não poder publicar por falta de documentos - é complicado publicar sobre um assunto que eu não posso "linkar". Esse documento deveria, ao meu ver, estar disponível em um site da Câmara de Vereadores de SMI. Como não tem, só indo até lá para saber. Eu não fui e a maioria das pessoas não vai. Bem por isso que acho importante fazerem um site para que possamos acompanhar tudo e não ficar sabendo de escândalos como esse das diárias dos vereadores por denúncia do MP ou por que alguém mandou um e-mail com o documento. As pessoas têm o direito e o dever de acompanhar o que se passa por lá.
Agora, colocarei meus pensamentos nessa história que recebi. E pensar nela como eleitora. Eu não estou aqui escrevendo por nenhum outro motivo que não seja relatar a minha "peregrinação" eleitoral. Acho interessante receber esses documentos? Claro. Mas acho que todo o povo de SMI precisaria vê-los, TODOS. Quem sabe, com mais pressão, mais presença popular, a política seja realmente um exercício de cidadania.
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